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Casagrande: a educação sob a Lei da Chibata

Casagrande, o pequeno aprendiz de Paulo Hartung, repete o modelo neofascista do mestre e amplia a dimensão de exclusão e de segregação social que vem marcando o Espírito Santo ao longo esses anos. O pior disso tudo é que no ninho de cobras montado por ele, para continuar solapando os cofres do Estado com isenções milionárias para os Grandes Empresários e manter a maioria à margem das riquezas, é formado por partidos chamados de “esquerda” (PSB, PT, PC do B, entre outros), que outrora participavam e apoiavam as lutas dos trabalhadores, mas que agora estão preocupados em manter seus acordos espúrios e seus carguinhos comissionados; não deram um apoio sequer, uma notinha, nem uma mísera uma "curtida" para o movimento de lutas dos profissionais da educação capixaba, que pedem o mínimo possível: reposição das perdas salariais, democracia nas escolas e condições dignas de trabalho.

O silêncio seletivo da “velha esquerda” desbotada (que vive apenas de uma forma sem conteúdo) e o apoio compulsivo da “velha direita” coronelista (que mantém seu esquema de dominação) estão de mãos dadas para manter o Estado a serviço de um grupo seleto de "amigos". Enquanto em várias outras unidades da Federação se concede a reposição das perdas salariais do período, Casagrande nega-se a fazê-lo e, pior ainda, mantém descaradamente o aparelhamento estatal montado por Hartung que promove uma isenção de ICMS de cerca de 1 bilhão de reais por ano através do esquema COMPETE, que ele assimilou, consolidou e ampliou. Para isso ele pode dispor do dinheiro público, para repor perdas salariais dos professores não pode.

Além disso, promove uma verdadeira “casa às bruxas” - dignas do tempo do AI5 no Brasil – com ameaças e constrangimentos ilegais de diversos tipos, contando para isso, é claro, com o auxílio luxuoso do Judiciário conivente, do Legislativo omisso e da mídia de direita adulada com vultosas quantias de propaganda oficial. Essas vergonhosas e ilegais ações não são vistas, cobradas, nem denunciadas por nenhum dos organismos competentes, que na verdade, por isso, se tornam cúmplices da imoralidade e da criminalidade de Estado promovida pelo grupo comandado agora por Casagrande.

Por isso a greve dos professores é vitoriosa: está forçando que se mostrem como são de verdade.  Torna visível quem são os verdadeiros criminosos deste Estado. Mostra o porque desse Estado ser o campeão brasileiro de assassinato de mulheres e jovens. Revela como os antigos “revolucionários de esquerda” se transformaram em cúmplices da tortura existencial dos trabalhadores, junto com a direita coronelista. Desvela o papel sujo da mídia mentirosa, enganadora e usurpadora de verbas públicas. Trás à tona a verdadeira situação de penúria e abandono da educação capixaba, completamente diferente das propagandas enganosas mostradas na televisão. Revela também que os professores são fortes, possuindo consciência de sua importância social e poder de resistência.

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