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Mostrando postagens de dezembro, 2014

Por que precisamos de um “Ano Novo”?

Por sermos humanos, na mesma proporção que criamos problemas, criamos sentidos e memórias. O tempo, em sua dimensão cíclica, não precisa necessariamente do homem para vir-a-ser. Mas nós, de maneira indelével, nos incrustamos em suas indiferentes entranhas e lhe doamos valor simbólico, suprassensível,  afetivo, morfológico, humano... A partir daí se abre (para além da subsistência cotidiana) essa necessidade  de restabelecer nossas vivências, de revigorar acintosamente nossas percepções e perspectivas de futuro, que se destilam num emaranhado de alegrias, tristezas, encontros, confrontos, embates, frustrações, conquistas, abraços, derrotas... Dizem que há tempos perdidos. Dizem que há tempos aflitos. Dizem que há tempos contritos. Dizem que há tempos restritos. Mais como distinguir, separar, ordenar e superar isso logicamente, sem perder a dimensão do sagrado, da esperança e, (de modo mais urgente ainda) do encantamento diante da vida? Para isso pre

Sobre as contradições do vinho

Sentiram o vinho entrecortando seus corpos Hálito leve, úmido, indelével, indecifrável Desejos apócrifos, mais nitidamente apostos Entre um olhar e outro, entremear solto Estavam prontos e certos já há algum tempo Mas não contavam com a lógica e o acerto Apenas com a imprecisão sólida do vinho E suas dimensões afetivas, fálicas, dionisíacas Sabiam dos perigos, das limitações imanentes Das combinações transcendentes e dilacerantes Por isso o desespero, a agonia, o desvelo, o vinho... E esse indigente, incontido e fiel desassossego Um pouco mais de vinho na taça e ardor nas mãos Havia muito mais sentido no toque e desespero da razão Mesmo assim não impediram, não contiveram o rito Prazer lânguido, insólito, mas não menos sagrado Mais que vinho: verdade, vontade, volúpia Renascentista e jovial presença, plena de excessos e mundos Assim demarcaram seu campo do possível Não haveria espaço para lamentações e culpas