Pular para o conteúdo principal

Postagens

O Ator em seu processo de criação e expansão significativa

  “ Os homens construíram uma escada prá chegar até Deus, Não viram que Ele estava ali do lado, ajudando a construir a escada”. (Mario Quintana) Na constituição e construção do “ser do ator”, entre muitas necessidades, deve-se também sempre se buscar desenvolver um olhar de novidade e aprendizagem em relação ao mundo que nos circunda. Muitas vezes, talvez pela repetição do convívio e pela força do costume, estabelecemos um sentido fixo em relação ao nosso espaço e por tabela às pessoas próximas, ao que somos e ao que fazemos. O maior aprendizado para um ator pode estar nas suas vivências. Assim, desenvolver uma atenção receptiva, um olhar de reconhecimento e acolhimento em relação ao “Outro” , no sentido de observar, perceber e captar os modos diversos de expressão humana (os olhares, os gestos, os sotaques , as expressões como um todo), se constitui no mesmo nível de importância de outras prática, dos exercícios, métodos e vivências orientadas a partir de uma fundamenta
Postagens recentes

Modelo de Carta de Despedida para “colegas” de trabalho

Prezados (ex) colegas de trabalho. Toda vivência que temos nos ensina, de alguma forma, algo sobre a vida e as pessoas. E aprendi muito com vocês neste espaço de tempo em que compartilhamos do mesmo ambiente de trabalho. Sabemos que nossa existência é bem curta e não levaremos nada dela, mas podemos deixar muito para os que nos conheceram e conviveram conosco em nossa breve existência. Podemos deixar para nossos "colegas" um exemplo de profissionalismo e não de vaidade pessoal, para que haja mútuo respeito e harmonia no ambiente de trabalho.  Podemos também deixar um exemplo de efetiva amizade, para que se possa construir "relações mais humanas " (no sentido ético do termo) e menos destrutiva para os que temos como "companheiros de jornada". Podemos ainda deixar um exemplo de coerência e sinceridade, para que se desenvolva um ambiente relacional que não seja dominado pela indiferença do olhar e falsidade das ações, em nome de uma imediatist

O conceito de "aura" em Walter Benjamim

Nos escritos de  “ Pequena História da Fotografia” e “ A obra de Arte na era de sua reprodutibilidade técnica ” Walter Benjamim define que a dimensão “ aurática” de um objeto seria reconhecida pela singularidade de sua aparição, isto é, pelo seu caráter único, perpassado por determinações relativas ao espaço e a temporalidade em que está inserido. Independente da proximidade física com o objeto ou obra de arte, teria-se uma espécie de distância ontológica conceitual determinada por uma propriedade de culto e magia na qual estaria envolto.  Para Benjamim o fenômeno da aura estaria primordialmente ligado ao caráter de unicidade e autenticidade da obra. Fazendo o que poderíamos chamar de uma “ genealogia da aura ”, Benjamim constata que existe um momento primeiro que estabelece o surgimento da aura no contexto cultural da humanidade: ela seria contemporânea da utilização da obra de arte nos rituais religiosos.  Temos nessa dimensão que o objeto ou obra utilizada ritualisti

Eleições 2018: a barbárie como pedagogia

Refletir sobre “Política” é obrigatoriamente pensar “Ética”, já demonstrava bem Aristóteles nos primórdios do pensamento da cultura ocidental. A Política, em sua visão originária, era a atividade que mais explicitava a dimensão racional e capacidade discursiva do ser humano que, socialmente organizado, buscava o bem comum da coletividade por meio do diálogo crítico e entendimento recíproco. O que assistimos hoje no Brasil passa bem longe da prática inaugurada e conceituada pelos gregos, mesmo tendo passado mais 25 séculos de história da chamada “Civilização Ocidental”. O que temos hoje é um discurso e prática de ódio, violência, falsidades, mentiras,  hipocrisia e  manipulação, difundido sobretudo pelas "redes sociais", que está muito longe de ser vista como “atividade política”. “Evoluímos” como “sociedade” apenas do ponto de vista técnico-digital: do ponto de vista Ético, de modo dominante, nós brasileiros vivemos numa sociedade da intolerância, do ódio e da barbári

Filósofo sendo analisado...

 - O senhor pensa muito na morte?  - Sim doutora, todos os dias.  - E por que?  - Porque a questão mais radical para se pensar o fenômeno humano é sua dimensão e consciência da finitude.    Concordo com Camus...  - Com quem???  - Camus, Albert Camus, o filósofo..  - Ah sim... Prosiga, o que ele diz?  - Que a questão mais fundamental para se refletir é a da morte...  - Sim, sim... Mas não foi dessa forma precisamente que eu estava me referindo; queria saber se o       senhor tem   ideias suicidas.  - Acho que a maioria das pessoas tem, inclusive a senhora..  - Mas o senhor tem isso de modo recorrente?  - Não, estou com Camus de novo...  - Como assim?  - É porque na visão dele a vida é um absurdo, sendo assim o suicídio da mesma forma é um absurdo,   porque as  pessoas se matam por levar muito a sério a vida, os valores que são colocados prá nós em   termos de sucesso,  fracasso, realização, etc...  - Entendi. Já deu a hora, vamos encerrar por aqui hoje.  - Ok, doutora. E quanto foi

Quantos gatos valem um Papo-Furado?

A atual Diretoria da Unidos da Piedade continua – dentro do projeto de vingança pessoal do atual Presidente da agremiação - na contramão da história, da tradição, da memória, dos valores e dos símbolos culturais, não apenas da Cidade de Vitória, mas de todo Estado do Espírito Santo. Indiferente ao abissal fato de 2019 ser o ano em que Edson Papo-Furado completará 80 anos de vida, e mesmo diante de um abaixo-assinado solicitando ele como enredo da Escola, a atual Diretoria decretou que o tema que levaria a escola para a avenida seria sobre  “felinos” . Essa escolha tem requintes de crueldade, estupidez simbólica, frieza humana, ressentimento medíocre e descaso com a história e representatividade que Papo-Furado e seus companheiros da Piedade (Paru, Caroço, Mario Reboco, entre outros que já partiram) tem para a cultura Capixaba. Como se não bastasse as pífias, bisonhas e excludentes  “políticas  públicas  culturais”  que assolam e enterram vivos tantos artistas, temos ainda que conv

Ensaio sobre a incandescência humana

I mpossível a vida não se dilatar diante dos teus incandescentes olhos. Irradiante presença plena de vigor e sentidos, que surge rompendo paternais dilacerações: afetos aturdidos sutilmente superados e ressignificados em olhares-poemas, irremediavelmente singelos, indelevelmente doces, incendiantemente penetrantes… Há música em teus olhos: (ouvi sim Cartola! quando os senti) flores que brotam, rosas que falam dos perfumados e irreverentes tons azuis dos teus cabelos: surpreendente acetinado de inebriante força, magia, ternura, carisma, beleza... Olhar de melodias vibrantes, em sútil corpo de bailarina que flui, serpenteia, encanta, desenha e preenche poeticamente o espaço de sonhos esquecidos, de tempos perdidos, de um amor impossível.