Refletir
sobre “Política” é obrigatoriamente pensar “Ética”, já
demonstrava bem Aristóteles nos primórdios do pensamento da cultura
ocidental. A Política, em sua visão originária, era a atividade
que mais explicitava a dimensão racional e capacidade discursiva do
ser humano que, socialmente organizado, buscava o bem comum da
coletividade por meio do diálogo crítico e entendimento recíproco.
O que assistimos hoje no Brasil passa bem longe da prática
inaugurada e conceituada pelos gregos, mesmo tendo passado mais 25
séculos de história da chamada “Civilização Ocidental”.
O
que temos hoje é um discurso e prática de ódio, violência,
falsidades, mentiras, hipocrisia e manipulação, difundido sobretudo pelas "redes sociais", que
está muito longe de ser vista como “atividade política”.
“Evoluímos” como “sociedade” apenas do ponto de vista
técnico-digital: do ponto de vista Ético, de modo dominante, nós
brasileiros vivemos numa sociedade da intolerância, do ódio e da
barbárie, que poderá nos levar a uma explosão de violência
coletiva generalizada.
A
mídia brasileira, que tem interesses econômicos e sociais bem
definidos, é muito responsável pela degradação e miséria humana
que nos assola: o consumismo, a violência e o fanatismo religioso
são as bases dos seus ensinamentos diários; poderíamos denominar -
sem nenhum exagero - esse conteúdo formativo execrável, do ponto de
vista ético, de uma “pedagogia da barbárie”. Mas essa mídia,
como naquela fábula do “aprendiz de feiticeiro”, criou algo que
escapou do seu controle e que agora se volta também contra ela
própria: vemos que essa visão neofascista, que ela ajudou a criar,
não aceita nenhum tipo de diversidade de pensamento ou práticas
humanas diferentes das suas “verdades”.
Nesse
contexto, odioso e exclusivista, toda reflexão e criticidade é
perseguida, combatida, satanizada. Todo conhecimento e prática
questionadora das contradições e diversidade social, desenvolvido
pelas chamadas Ciências Humanas, se tornaram “doutrinadores”;
todos os professores dessas área se tornaram “agentes
manipuladores”. Falar e refletir sobre respeito à
individualidade e diversidade humana - base dos conceitos de
“Civilização”, ”Solidariedade” , “Cidadania” e “Ética” - deve ser proibido. A pedagogia proposta pela chamada
“Escola sem Partido” tem sim um “partido”: o “Partido da
Barbárie”.
Temos
então um desafio maior para nós “seres humanos”, no sentido
ético do conceito, nos unirmos e restaurar nossas energias para
enfrentar, combater e barrar esse retorno a selvageria e degradação
social, o que não demandará pouco esforço diante da
insensibilidade e cegueira ética que vivenciamos. Lutemos, então,
para salvar nossa “humanidade”.
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