Temos,
por hábito, analisar as coisas por seus efeitos imediatos,
esquecendo do processo que gerou o fato que nos afeta. Também pela
mesma velha força do hábito (como diria Hume), apontamos a causa
que vemos mais próxima como a fonte de origem do mal que sofremos. É
mais ou menos isso, de modo geral, que acontece agora aqui no
Espírito Santo quando acoados, amedrontados e ilhados –
literalmente - apontamos simplesmente a “PM” como causa do
horror social que estamos vivendo; que pela “ausência” dela em
nosso cotidiano estamos fadados ao desamparo e à barbárie. Isso
seria o mesmo que dizer que o remédio é a causa da doença.
Como
a “VIOLÊNCIA” - do ponto de vista de uma coletividade - é uma
“doença social” é a partir disso que temos que tentar
aprofundar nossa reflexão, para não continuarmos na superfície das
coisas, respondendo aos impulsos imediatos que nos afastam desse
entendimento. Como “doença social” a “VIOLÊNCIA” tem sua
origem na desigualdade social, na exclusão, na corrupção, na
construção da ideologia do consumo, na ausência de ações e
políticas sociais e na proliferação endêmica de “periferias”,
“bolsões de pobreza”, “aglomerados sociais”, que - na
camuflagem oficial criada pra esconder essa dinâmica – recebem a
denominação de “comunidades carentes” e/ou “comunidades em
risco social”.
Então,
quanto mais desigual for a sociedade, quando mais excludente se
constituir, quanto mais ausente do combate às questões sociais for,
quando mais elitista se apresentar, mais se precisará da
instituição “´POLICIA” para conter, reprimir, atuar como
bálsamo, remédio, paliativo dos efeitos da doença social chamada
“VIOLÊNCIA”. É por isso que - com sua ausência momentânea -
nos sentimos, em proporções coletivas, como se estivéssemos num
surto psicótico: queremos o nosso psicotrópico de volta para voltar
à tranquilidade. E, nesse caso, o fármaco atende pelo nome de
“POLÍCIA”.
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