No
dormir do lado
-
mesmo que se acredite nascidos um para o outro -
há
muito o que se pensar;
principalmente
quando
-
antes de se refletir -
não
se consegue sentir,
perceber,
notar,
compartilhar
o lado do outro.
O
lado de fora pode ser denso,
espesso,
quase inviolável.
O
lado de dentro neutro, inacessível,
quase
indecifrável.
Os
dois se contradizem e combatem
na
indelével opacidade da vida;
às
vezes se encontram na insone sedução,
às
vezes se devoram na insana distração,
por
vezes se perdem na dificuldade de vir-a-ser,
pois
o outro torna-se, sartreanamente,
no
inferno que dorme ao lado.
Mas
isso tudo não é lógica,
precisão
cientifica,
contagem
regressiva,
mas
sim,
(como tudo que se refere ao humano)
possibilidade,
envolvimento (inter-esse),
disposição...
Depende da força de ser e de se posicionar
Depende da força de ser e de se posicionar
um
para o outro,
depende
de como se vive e se apreende
significativamente o
momento,
de
como um consegue ver o lado do outro,
em
sua aparente neutralidade,
em
sua incandescente diversidade,
em
sua envolvente fragilidade.
Há
também,
nesse
jogo,
a
possibilidade de se virar de lado,
de
ocupar o espaço do outro,
de
se ver no escuro
(mesmo
com a escassa luz)
de
destravar a cama,
de
fazer da vida uma dança
onde
o outro
-
ao se revelar por inteiro -
não
seja apenas o par que,
indiferentemente,
conduz.
Mas para isso há
que
se aprender a dançar, deixar de ficar
-
assim como se conta os passos -
a
contar as horas...
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