A Sra. Viviane Mosé afirmou em debate na Rádio CBN, de modo enfático e categórico, que os professores de Filosofia e História são os responsáveis pela violência dos jovens em manifestações. Vamos avaliar um pouco sobre a “profundidade” da sua reflexão. Para começar, essa Sra., não pode ser considerada - como auto se intitula midiaticamente - como "filósofa"; em termos de "filosofia" ela chega no máximo a um "miojo intelectual": não tem obra ou pensamento significativo prá receber tal denominação. É no máximo uma opininadora, uma "filodóxa"; na Grécia antiga certamente uma sofista. Ela se apropria de modo rasteiro e pragmático - além de midiático - do pensamento filosófico, repetindo chavões descontextualizados, adequando-os com seus objetivos medíocres e imediatistas, para se promover e virar uma pseudocelebridade do pensamento brasileiro e, com isso, ganhar alguns trocados ministrando palestras. É impressionante como a mídia constrói ídolos vazios e obtusos.
Um exemplo: ela se diz Nietzscheana e faz palestras em empresas para "melhorar" o desempenho dos empregados; alguém imaginaria Nietzsche fazendo uma coisa dessas? Alguém que minimamente se alinhe ao pensamento de Nietzsche iria contribuir para dar substancia ao que ele certamente veria como “moral de escravos”? Seria no mínimo ridículo se não fosse, no caso dela, oportunista. Ela também diz, em vídeos postados no Youtube, que Nietzsche era um "erudito"; creio que ele abominaria essa alcunha; fazendo um pequeno exercício de historicidade hermenêutica, Nietzsche, em sua época era (e ainda continua sendo) radicalmente um "ante erudito". Também a definição de "ARCHÉ" - presente no pensamento dos chamados filósofos "pré-socráticos" - como "MÍNIMO" é muito ruim mesmo. Este termo - que é matéria de introdução nos cursos de Filosofia - indica um princípio fundamental de geração, uma substância movente originária que permanece sempre dentro de um processo de acontecimento e realização; denomina-lo de "mínimo" é, no mínimo, preguiça intelectual. Acho que esses exemplos já bastam para desautorizá-la a utilizar a "Filosofia" como fundamento de seus equivocados discursos.
A acusação de desvirtuamento e corrupção da juventude contra os interesses dos Estado - feita pela dublê de filósofa na ágora digital - deve ser motivo de orgulho e satisfação para os professores de Filosofia, pois é a mesma que foi feita a Sócrates e que o condenou à morte. Refletir sobre a "violência" no Brasil, sem considerar a massificação consumista e a desigualdade social histórica não é apenas falta de competência epistemológica, é mau-caratismo mesmo. Essa fala generalizante, reducionista e leviana sobre os professores de Filosofia e História, colocando-os como possuidores de um poder hipnotizante e maquiavélico que conduz os jovens à violência desenfreada, é o que de mais estúpido, oportunista e bizarro que poderíamos ouvir de alguém que se diga minimamente ligado à Filosofia. O Imperativo Categórico por ela proclamado - "Adote seu filho antes que um professor de filosofia o adote" - possui claramente uma filiação à direita fascista e, por tabela, ao que há de mais repugnante e atrasado em termos de pensamento crítico e conquista das liberdades em nossa história política recente. Talvez ela também irá sugerir brevemente - como aconteceu na ditadura militar - que as aulas e os cursos de Filosofia sejam extirpados do Sistema Educacional Brasileiro.
Bem vindos ao idelologismo dos anos de chumbo, brasileiros! Mosé agradece!
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