O que me obriga a percorrer essas linhas é o esdrúxulo e imoral acordo deixado pela gestão Hartung com o prematuro – mas nem por isso pouco voraz - Instituto do Comércio Atacadista do Espírito Santo, o famigerado SINCADES, que é comandado pelo Sr. Idalberto Luiz Moro, figura que não me recordo de ter visto em qualquer discussão sobre política cultural do Estado nos últimos anos. O Sr. Moro costuma ofertar regularmente - para os colaboradores do seu agraciado Instituto - suculentas patuscadas regadas a fartas paellas, prato típico da culinária espanhola que, apesar de ser realmente muito saboroso, dependendo do manipulador, do montante investido e dos ingredientes utilizados, pode tornar-se muito dispendioso e indigesto, gerando efeitos desagradáveis e até mesmo, porque não dizer, humilhantes para quem por ventura se arvore a enfrentar e digerir o disparate gastronômico engendrado por tão insólita mistura.
A arquitetura desse acordo que faz parte da herança maldita deixada por Hatung tem o singelo nome de “CONTRATO DE COMPETIVIDADE” – como se capitalista precisasse de incentivo para desejar mais lucro – e foi elaborado tendo três ingredientes fundamentais: dois quilos da pulsão controladora de Hartung, um quilo de fidelidade canina da ex-Secretária de Cultura e admiradora de modelitos Amarelo-Ovo Sra. Dayse Lemos e, para fechar a receita esdrúxula, e uma porção a gosto da vocação de produtor cultural de paellas do Sr. Moro, visto de meia tigela.
Aqui – análogo à mitologia grega – temos configurada a força impiedosa e descomunal de Cérbero, o cão de três cabeças, a fera guardiã dos infernos. Mas quais seriam as motivações obscuras que fazem com que a Besta Atacadista Tricéfala extrapole seus domínios mercadológicos e venha aniquilar nossas dimensões significativas como seres culturais, onde tentamos manter viva nossa identidade simbólica? Que finalidades incomunicáveis impulsionam seu vigor para vir solapar nossos desejos criativos de encantamento e ampliação do nosso espaço afetivo por meio da arte?
Essa descolada tríade de mestres-cucas – atuando como eunucos da pseudocultura no Espírito Santo - elaborou à revelia de qualquer conjunto representativo da sociedade, o referido contrato dito de “COMPETIVIDADE”,para munir o SINCADES com vultosas quantias mensais a título de promover “ações de fomento à cultura” sem precisar passar - como determina o artigo 184 da Constituição Estadual – pelo crivo dos organismos representativos da sociedade; ação clara e indelével dos regimes autocráticos e ditatoriais. Mas apesar disso, tudo foi defendido e louvado – com frieza e determinação germânica – pelo Sr. Erlon Paschoal; tomado por um espírito de aprendiz de feiticeiro em plena reunião do Conselho Estadual de Cultura, ele enxergou o contrato como sendo “um golpe de mestre” de Hartung, e aproveitou-se da omissão e ausência de informações a respeito para tentar manipular os conselheiros, colocando-os como bovinos no curral a espera da próxima ordem de abate. Mas, o que o harrypottismo anacrônico do Sr. Paschoal não explicitou - negando inclusive seu caráter de isenção fiscal - é a dimensão humilhante e lesiva aos cofres públicos e ao povo capixaba que está por trás deste acordo de incentivo à cultura atacadista.
O referido contrato baseado em renúncia fiscal de ICMS – formulado pelo Mestre dos Controles, pela Dama de Amarelo-Ovo e pelo Rei da Paella – confere um desconto de 33%de impostos aos grandes empresários do setor de Comércio Atacadista que resolverem, por uma graça divina, tornarem-se “Competitivos”,sendo que deste montante 10% deverá ser OBRIGATORIAMENTE repassado aos cofres atacadistas do SINCADES. De posse dessa pequena fortuna e longe da pressão e reconhecida legitimidade dos conselhos representativos da sociedade, financia projetos como o espetáculo “Peter Pan”, “A Bela e a Fera”, algumas exposições requentadas de custos elevadíssimos, outros projetos que, assim como a paella, possuem gosto e origem questionáveis.
Esse projetos privilegiados não precisarão esperar e se engalfinhar uma vez por ano no minguado e esquálido Edital da SECULT; edital este que não atende, atualmente, nem 10% da demanda de artistas e produtores culturais do Espírito Santo, que tentam desesperadamente sair do ostracismo e da invisibilidade artística - uma espécie de Sibéria cultural - imposta pela falta de investimentos e políticas que reconheçam e realmente queiram que a pujança econômica do Espírito Santo seja refletida na dimensão da produção cultural e artística, não sendo apenas mais um cais das artes de produções estrangeiras fomentadas pela indústria cultural massificadora.
O que nos causa mais estranhamento, perplexidade e indignação é a rapidez com que essa “paella” imoral e indigesta foi consumada e quais seriam suas obscuras razões. Paradoxalmente, a agilidade na execução desse acordo, o ex-líder estudantil de esquerda Hartung - em sentido oposto à política cultural nacional - manteve o Espírito Santo à margem da proposta corrente em todo país: sem o Conselho Estadual de Cultura, sem a Lei Estadual e sem o Fundo Estadual de Cultura durante quase toda sua gestão. Essa realidade só veio a ser timidamente minimizada depois da pressão da esfera Federal, pois foi traçada – assim como em outras áreas - uma política cultural de Estado através do Plano e do Sistema Nacional de Cultura, que os entes federados são obrigados a seguir sob pena de contingenciamento de outros recursos. Mesmo assim, continuamos ainda sem a nossa Lei Estadual de Cultura e somente com 19% dos municípios agregados ao pacto Federativo de Cultura, um dos piores índices registrados entre todos os estados. Isso exemplifica bem o descaso e o atraso em relação à dinâmica do setor cultural em curso no restante do Brasil. Isso demonstra também claramente que depois do forró e do sertanejo universitário, temos magistralmente agregado à categoria, exclusivamente em nosso solo, sua vertente arcaica e tirânica: O Coronelismo Universitário.
Para não me alongar muito, não irei relacionar novamente aqui os teatros, centros culturais, sítios históricos e outros aparelhos que foram destruídos ou estão em situação de completa degradação pela ação desse grupo de extermínio cultural. O que temos bem caracterizado em tudo que foi exposto, é que no Espírito Santo vigora ainda um sistema de gênese oligárquica que avilta e degrada a expressão artística de seu povo, que é um direito inalienável que está estabelecido constitucionalmente, sendo então sua violação um fragrante desrespeito aos direitos humanos. Vemos com isso, que essa vertente fundamentalista que vigora nos trópicos Capixabas planeja – para alimentar sua megalomania de poder baseada na dominação ideológica midiática e no assolamento da diversidade cultural – instituir a Culturocracia de Mercado de Massa Atacadista(CMMA), tendo como pedra de toque o monopolizante e privatizante acordo com o Instituto SINCADES.
Parece-nos então que “a casa está bem arrumada”, mas para poucos convidados. Lucro para alguns, miséria e degradação cultural para maioria.
“ SINCADES na moqueca dos outros é paella.”
A arquitetura desse acordo que faz parte da herança maldita deixada por Hatung tem o singelo nome de “CONTRATO DE COMPETIVIDADE” – como se capitalista precisasse de incentivo para desejar mais lucro – e foi elaborado tendo três ingredientes fundamentais: dois quilos da pulsão controladora de Hartung, um quilo de fidelidade canina da ex-Secretária de Cultura e admiradora de modelitos Amarelo-Ovo Sra. Dayse Lemos e, para fechar a receita esdrúxula, e uma porção a gosto da vocação de produtor cultural de paellas do Sr. Moro, visto de meia tigela.
Aqui – análogo à mitologia grega – temos configurada a força impiedosa e descomunal de Cérbero, o cão de três cabeças, a fera guardiã dos infernos. Mas quais seriam as motivações obscuras que fazem com que a Besta Atacadista Tricéfala extrapole seus domínios mercadológicos e venha aniquilar nossas dimensões significativas como seres culturais, onde tentamos manter viva nossa identidade simbólica? Que finalidades incomunicáveis impulsionam seu vigor para vir solapar nossos desejos criativos de encantamento e ampliação do nosso espaço afetivo por meio da arte?
Essa descolada tríade de mestres-cucas – atuando como eunucos da pseudocultura no Espírito Santo - elaborou à revelia de qualquer conjunto representativo da sociedade, o referido contrato dito de “COMPETIVIDADE”,para munir o SINCADES com vultosas quantias mensais a título de promover “ações de fomento à cultura” sem precisar passar - como determina o artigo 184 da Constituição Estadual – pelo crivo dos organismos representativos da sociedade; ação clara e indelével dos regimes autocráticos e ditatoriais. Mas apesar disso, tudo foi defendido e louvado – com frieza e determinação germânica – pelo Sr. Erlon Paschoal; tomado por um espírito de aprendiz de feiticeiro em plena reunião do Conselho Estadual de Cultura, ele enxergou o contrato como sendo “um golpe de mestre” de Hartung, e aproveitou-se da omissão e ausência de informações a respeito para tentar manipular os conselheiros, colocando-os como bovinos no curral a espera da próxima ordem de abate. Mas, o que o harrypottismo anacrônico do Sr. Paschoal não explicitou - negando inclusive seu caráter de isenção fiscal - é a dimensão humilhante e lesiva aos cofres públicos e ao povo capixaba que está por trás deste acordo de incentivo à cultura atacadista.
O referido contrato baseado em renúncia fiscal de ICMS – formulado pelo Mestre dos Controles, pela Dama de Amarelo-Ovo e pelo Rei da Paella – confere um desconto de 33%de impostos aos grandes empresários do setor de Comércio Atacadista que resolverem, por uma graça divina, tornarem-se “Competitivos”,sendo que deste montante 10% deverá ser OBRIGATORIAMENTE repassado aos cofres atacadistas do SINCADES. De posse dessa pequena fortuna e longe da pressão e reconhecida legitimidade dos conselhos representativos da sociedade, financia projetos como o espetáculo “Peter Pan”, “A Bela e a Fera”, algumas exposições requentadas de custos elevadíssimos, outros projetos que, assim como a paella, possuem gosto e origem questionáveis.
Esse projetos privilegiados não precisarão esperar e se engalfinhar uma vez por ano no minguado e esquálido Edital da SECULT; edital este que não atende, atualmente, nem 10% da demanda de artistas e produtores culturais do Espírito Santo, que tentam desesperadamente sair do ostracismo e da invisibilidade artística - uma espécie de Sibéria cultural - imposta pela falta de investimentos e políticas que reconheçam e realmente queiram que a pujança econômica do Espírito Santo seja refletida na dimensão da produção cultural e artística, não sendo apenas mais um cais das artes de produções estrangeiras fomentadas pela indústria cultural massificadora.
O que nos causa mais estranhamento, perplexidade e indignação é a rapidez com que essa “paella” imoral e indigesta foi consumada e quais seriam suas obscuras razões. Paradoxalmente, a agilidade na execução desse acordo, o ex-líder estudantil de esquerda Hartung - em sentido oposto à política cultural nacional - manteve o Espírito Santo à margem da proposta corrente em todo país: sem o Conselho Estadual de Cultura, sem a Lei Estadual e sem o Fundo Estadual de Cultura durante quase toda sua gestão. Essa realidade só veio a ser timidamente minimizada depois da pressão da esfera Federal, pois foi traçada – assim como em outras áreas - uma política cultural de Estado através do Plano e do Sistema Nacional de Cultura, que os entes federados são obrigados a seguir sob pena de contingenciamento de outros recursos. Mesmo assim, continuamos ainda sem a nossa Lei Estadual de Cultura e somente com 19% dos municípios agregados ao pacto Federativo de Cultura, um dos piores índices registrados entre todos os estados. Isso exemplifica bem o descaso e o atraso em relação à dinâmica do setor cultural em curso no restante do Brasil. Isso demonstra também claramente que depois do forró e do sertanejo universitário, temos magistralmente agregado à categoria, exclusivamente em nosso solo, sua vertente arcaica e tirânica: O Coronelismo Universitário.
Para não me alongar muito, não irei relacionar novamente aqui os teatros, centros culturais, sítios históricos e outros aparelhos que foram destruídos ou estão em situação de completa degradação pela ação desse grupo de extermínio cultural. O que temos bem caracterizado em tudo que foi exposto, é que no Espírito Santo vigora ainda um sistema de gênese oligárquica que avilta e degrada a expressão artística de seu povo, que é um direito inalienável que está estabelecido constitucionalmente, sendo então sua violação um fragrante desrespeito aos direitos humanos. Vemos com isso, que essa vertente fundamentalista que vigora nos trópicos Capixabas planeja – para alimentar sua megalomania de poder baseada na dominação ideológica midiática e no assolamento da diversidade cultural – instituir a Culturocracia de Mercado de Massa Atacadista(CMMA), tendo como pedra de toque o monopolizante e privatizante acordo com o Instituto SINCADES.
Parece-nos então que “a casa está bem arrumada”, mas para poucos convidados. Lucro para alguns, miséria e degradação cultural para maioria.
“ SINCADES na moqueca dos outros é paella.”
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