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Mostrando postagens de março, 2014

Ode à Ressignificação dos dias

Creio que agora seja mais fácil reconhecer por onde passei. Deixo marcas indeléveis dos meus afetos; rastros claros, simétricos, sólidos, incisivos. (acompanhados de uma inquietude intransferível) Minha mente tenta se expandir até o limite de uma suposta capacidade de entendimento. (as teorias do conhecimento dizem pouco a respeito da minha humanidade) Meu corpo, se contrai em resposta; rebela-se com uma invejável consistência. E mesmo diante da sua previsível ausência, clama, questiona, refuta deblatera, agoniza, chora. Está a mercê de uma memória cravada no tempo. (e de um imensurável e indelével    espaço afetivo) Me frustro ao tentar dividir a coisa física de uma imune consciência essencial. (tenho sérias dificuldades   em me equilibrar cartesianamente). Imagens superpostas se entrelaçam em meio a uma lógica pouco clara e vagamente distinta. Minhas células se entrelaçam, (teimo em acreditar em sinapses) indiferentes a esta acidez de silício

Por que nos arrastamos em Claudia?

A morte brutal de Claudia Silva Ferreira nos arrasta para a cova rasa da mediocridade humana e da incapacidade política de resolvermos nossas mazelas sociais. Não foram apenas aqueles dois policiais que arrastaram Claudia cruelmente para a morte: foi todo um conjunto simbólico, social e político – consolidado historicamente com pedagogia e métodos elaborados - que determinou seu extermínio. O que a espetacularidade e a crueldade visível do fato desvela agora é que, neste país, quem nasce pobre e negro já se encontra no corredor da morte. É a gênese que ainda vigora na pseudodemocracia racial brasileira.   Como o de Claudia Silva Ferreira acontece - silenciosa e sorrateiramente - o extermínio de muitos outros brasileiros pobres e negros. Diariamente, comumente, cotidianamente, insistentemente, acintosamente, impunemente. O problema é que não percebemos. O problema é que este genocídio é transformado em números. O problema é que – como bem sabemos - números não tem nome nem face.