O massacre de Barra do Riacho e o ataque violento aos estudantes nas ruas da Capital demonstram bem que a bomba de efeito imoral armada por Hartung explode agora no colo de Casagrande. O ex-governador deixou para o atual – com uma mídia não tão domesticada - o trabalho sujo de usar a força policial militar para reprimir as demandas sociais que ele ignorou em sua gestão.
De modo impiedoso e truculento, digno dos piores facínoras e das mais cruéis ditaduras, os miseráveis e abandonados em Barra do Riacho - excluídos de qualquer resíduo de cidadania - foram massacrados e humilhados publicamente; e também, com o mesmo modus operandi, foi reprimida a manifestação legítima dos estudantes que lutam por cidadania, dignidade, acesso e respeito no sistema de transporte coletivo da Grande Vitória. Este esquema – que contou com inexplicável desativação do sistema Aquaviário - privilegia o lucro dos empresários em detrimento a dignidade e direitos da população. Quem tiver dúvida do caos e da humilhação que sofrem os usuários forçados do Transcol faça uma visita a qualquer terminal desses da região metropolitana nos horários de pico e testemunharam um exemplo bizarro da tal “vida de gado” que nos alertou um dia o poeta.
Depois de surfar na onda midiática de pegar o estado com oito meses de salários dos servidores públicos atrasados e ter sido agraciado com mais de R$ 300 milhões de adiantamento dos royalties do petróleo para sanear as finanças, ajudado também pelo crescimento da economia brasileira nos últimos anos, Hartung investiu vultosas quantias em propaganda e, com a subserviência da grande mídia, conseguiu que não fosse propagada e creditada a ele as mazelas sociais que paradoxalmente assolam a 5ª economia do País.
Somos o 2º Estado mais violento da federação, campeão em mortes de jovens, hospitais com corredores abarrotados, investimento cultural pífio e uma espetacular evasão escolar no ensino médio: cerca de 60%. Isto quer dizer que em cada 100 jovens que iniciam o 2º grau somente 40 terminam. Para onde será que estão indo os que não chegam ao fim dessa fase? Talvez os números da violência e de mortes possam dar uma pista disso. Estamos perpetuando o extermínio de uma geração.
É essa a herança maldita que Hartung deixou no Espírito Santo e que Casagrande tem que administrar sem apontar seu criador, mas apontando armas e cassetetes para a população que luta por seus direitos e sua dignidade, fazendo de seu pseudosocialismo um modelo de injustiça e violência qualificada, protegendo a imagem “ilibada” de seu antecessor.
O Palácio Anchieta está se transformando numa Casamata.
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