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Conheça o ES de Hartung: paraíso do caos e da Isenção Fiscal

Apesar da alcunha que lhe é dada de “Imperador” - por sua arrogância, impiedade e soberba - o governador Paulo Hartung não vai além de um serviçal de luxo. Ele faz parte do braço político (no sentido degradante da palavra) de um grupo, muito bem pensado e articulado, para fazer do Espírito Santo sua maior fonte, em detrimento aos reais interesses e necessidades da maioria da população capixaba. A origem do caos que vivemos nesse momento, do visível sucateamento dos serviços públicos, que explodiu e veio à tona com o movimento de paralisação dos policiais militares, tem como origem essa lógica de poder da qual Hartung atua como uma espécie de “leão de chácara”.

O Espírito Santo deveria ser - por simples lógica geopolítica - uma “Suíça” encrustada em território brasileiro. Com uma extensão geográfica similar ao Rio de Janeiro (cerca de 46 mil km2 ), mas com população quatro vezes menor (cerca de 3,8 milhões de habitantes) e com recursos econômicos suficientes para dar dignidade de vida plena a seus habitantes, poderíamos tranquilamente ser referência de índices desenvolvimento humano (IDH) e qualidade de vida. Mas, para nossa desgraça e desespero, somos o oposto disso: brigamos sempre pelos primeiros lugares em índices de violência, temos uma educação pública deficiente (acentuada agora pelo fechamentos de turmas, escolas e dias letivos da EJA) e serviços de saúde precários; somos um dos estados mais violentos do país, que mais matam mulheres e jovens negros, com bairros abandonados dominados pela falta de serviços básicos e pelo tráfico; também, por consequência direta, um dos que mais encarceram; atua-se, contraditoriamente, com a lógica de se “fechar escolas” e “abrir presídios”.

O discurso da “austeridade” e da “falta de recursos” é facilmente desmontado quando se vê a política de Renúncia Fiscal estabelecida por Hartung; escondida através de um artifício imoral denominado “Contrato de Competitividade” (COMPETE) esse, digamos, “artíficio tributário” - que teve várias ações contrárias devidamente derrubadas pela “fiel simpatia” do judiciário capixaba - foi arquitetado para beneficiar os empresários e sangrar o quando puder os cofres públicos, sem se importar com as consequências sociais decorrentes dessa sórdida estratégia. Este “modelo de gestão pública” foi o mesmo utilizado no Rio de Janeiro pelo ex-governador - e atual presidiário - Sérgio Cabral, que outrora caminhou intimamente de braços dados com Hartung; modelo este que contribuiu para produzir e levar a completa falência econômica e caos social à vida dos Cariocas.


Então, como bêbados abraçados se afogando, Rio de Janeiro e Espírito Santo se irmanam para além das lindas praias, tendo amarrados ao pescoço a pedra maldita da “Isenção Fiscal”. E nós, povo indolente, pagaremos a conta. 

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